quarta-feira, 7 de março de 2012

O país dos jovens tristes

Ontem ouvi algo que me suscitou algum interesse.
" Se garantissem que todos teriam emprego estável e que poderiam assegurá-lo para as gerações seguintes, mas como contrapartida teríamos que voltar à ditadura, acreditem que todos aceitariam".
E concordo. E sublinho. E afirmo.
Hoje, quanto mais se faz ou tenta fazer, menos se obtém.
Quanto mais se trabalha, mais se recebe mas também se desconta.
Quanto mais se estuda, mais diplomas se tem, mas não remuneração adequada ao esforço.
Quanto mais se esforça, mais se diz que a altura há-de chegar...mas nunca chega...
Tomemos como exemplo um jovem que está actualmente desempregado, mas que tem uma licenciatura e que até decidiu prosseguir os estudos, encontrando-se num mestrado ou num doutoramento ou o que seja...(qualquer jovem, portanto!). Recorre ao subsídio de desemprego no qual é informado que devido ao facto de ter certas e determinadas qualificações, é-lhe exigido que apresente mensalmente 6 comprovativos de procura de emprego. Isto até seria admissível se uma pessoa, igualmente inscrita, mas com menos de metade das qualificações e às vezes até nenhuma, não tivesse apenas que apresentar 2 ou 3. Assim, uma pessoa especializada em determinada área e que por isso, à partida, não poderá fazer qualquer tipo de trabalho, tem que ter o dobro dos comprovativos do que a pessoa sem qualificações, que pode trabalhar em tudo.
Não pensem que isto é arrogância ou indicativo de supremacia.
A verdade é que hoje um licenciado não pode trabalhar numa loja comum, com fundamento no excesso de qualificações e muitas vezes é obrigado a esconder as qualificações ou a alterar o seu currículo para poder ser aceite para uma mera entrevista...Ridículo! Se um licenciado está à procura de trabalho num sítio supostamente inferior ou distinto das qualificações que tem é porque precisa, obviamente!
E dizem uns...emigrem! Dizem outros...saiam de casa!
Eu pergunto: E que tal deixarem-nos trabalhar?
Acho piada ao facto de nos facilitarem a vida em termos de empréstimo para habitação porque somos jovens, mas que depois nos recusem o mesmo empréstimo porque não temos rendimentos suficientes....E lá entram os pais, os que podem e os que não podem, como fiadores....e o que supostamente seria a nossa independência leva-nos a ficar por casa...Porque se é para ser mais um fardo para os pais, mais vale ficar quieto...
Venha a ditadura, venha o tempo das vacas gordas repartidas e não apenas no mesmo bolso...
Se até a liberdade de expressão ficou diminuta pois as pessoas já não têm coragem de dizer ou fazer nada...esse direito acaba por ficar vazio... é triste...mas é assim.